Proletários na Rússia e na Ucrânia! Na frente de produção e na frente militar… Camaradas!

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Tradução em português: https://amanajeanarquista.blogspot.com/2022/02/nenhuma-guerra-senao-guerra-de-classes.html

Outra traduçõe em português: https://passapalavra.info/2022/02/142461/

“Nenhuma guerra, senão a guerra de classes”

Rumores de guerra ressoam ruidosamente novamente na Europa, canhões são carregados, caças-bombardeiros são carregados com balas e bombas assassinas, mísseis apontam suas ogivas nucleares para seus objetivos futuros.

Estas palavras que escrevemos em 2014 são hoje mais relevantes do que nunca a respeito do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Se o capitalismo é visceralmente um criador de males, gerando miséria, crises climáticas e de saúde, nós quase “esquecemos” que ele foi e continua sem dúvida um belicista! Hoje, a ofensiva militar é lançada: existem relatos de bombardeios em Donbass, Odessa, Kiev, Mariupol, Kharkov…

Proletários com uniforme russo. Há anos, vocês têm sido enviados ao redor do mundo para proteger os interesses da “Nação Russa”. Começou com a “defesa da integridade territorial da Rússia” contra os separatistas do Norte do Cáucaso, depois continuou com a “proteção dos ossetianos na Geórgia”, somente para culminar na “proteção dos irmãos e irmãs russos contra as hordas de Bandera na Ucrânia” e a proteção do “governo legítimo da Síria, contra os terroristas islâmicos”.

História semelhante foi contada a gerações de proletários, tanto “soldados” quanto “civis”, em todos os conflitos capitalistas anteriores no mundo todo, a fim de fazê-los sangrar na frente militar ou nas fábricas na retaguarda, na frente de produção, na frente doméstica… Eles lutavam pelo “Czar”, pelo “Socialismo”, pela “Nação”, pela “Democracia”, pelo “Lebensraum”, pelo “Cristianismo” ou pelo “Islamismo”. E o mesmo conto de fadas é contado aos proletários com uniforme dos EUA, Turquia, Reino Unido, Israel, Ucrânia, Síria controlada por Assad, Daesh, Rojava, Geórgia, Donetsk e Lugansk, Irã, regiões administradas pelo Hezbollah, Hamas… e qualquer outra comunidade nacional, regional, religiosa ou outras comunidades falsas.

Proletários em uniforme ucraniano. Sua própria burguesia faz-lhe acreditar que vocês têm uma pátria para defender do “agressor russo”, que vocês devem se juntar a seus próprios exploradores e exigir que a Ucrânia adira à União Europeia ou à OTAN. Mas como todos os proletários do mundo inteiro, vocês só têm a perder suas correntes de escravos assalariados.

Proletários na frente doméstica. Mais uma vez, vocês estão sendo aconselhados a sacrificarem-se, a serem “mais produtivos”, a serem “mais flexíveis”, a “adiarem” a satisfação de suas necessidades imediatas (mesmo ao ponto de preferir passar fome, do que comer “comida do inimigo”), etc. Tudo isso para o bem maior da Nação. É dito a vocês que apoiem inquestionavelmente esta ou aquela “Guerra Santa”, que esqueçam as greves e a interrupção da produção de material bélico, que enviem voluntariamente seus filhos, irmãos, maridos e pais para se tornarem mártires para os lucros de seus mestres burgueses.

O Capital e seu Estado sempre encontraram uma maneira de transformar os proletários em carne de canhão e deixá-los massacrar uns aos outros sob a bandeira desta ou daquela “Pátria”. Como se nós, o proletariado, a classe explorada, tivéssemos qualquer país a defender. Como se os “interesses nacionais” representassem algo mais do que os interesses da classe dominante. A guerra e a posterior contenda pela reconstrução não são mais do que uma forma concreta de competição entre várias facções capitalistas. É uma expressão de sua necessidade de expandir seu mercado a fim de compensar a diminuição da taxa de lucro. Ao mesmo tempo, a guerra serve para dividir nossa classe em linhas nacionais, regionais, religiosas, políticas, etc., a fim de suprimir a luta de classes e quebrar a solidariedade internacional do proletariado. Em última instância, a guerra serve para descartar fisicamente a força de trabalho supérflua. Ou em outras palavras, para nos massacrar…

Soldados “russos”, vocês estão posicionados na Síria ou na Ucrânia para matarem e serem mortos por pessoas que, como vocês e seus parentes em casa, são forçados a vender sua força de trabalho ao Capital para sobreviver, pessoas que fazem parte da mesma classe explorada que vocês, pessoas que são seus irmãos e irmãs proletários do “outro lado”. Todas aquelas aventuras, exercícios militares e corridas armamentistas estão começando a aleijar a capacidade do Capital de apaziguar o proletariado atirando-lhe migalhas da mesa burguesa.

O capitalismo só pode nos trazer exploração, miséria, alienação, guerra e destruição, como sempre fez. O proletariado global está na encruzilhada: erguer-se contra ele ou sucumbir ao maior moedor de carne humana da história. Em todo o mundo, conflitos militares mais ou menos abertos e impasses entre várias facções burguesas estão se exacerbando. Alianças e contra-alianças estão sendo formadas e rompidas, com uma centralização cada vez mais óbvia em poucos superblocos. A Ucrânia está no centro de tudo isso e a guerra lá ameaça escalar em conflito global, que tem um potencial para acabar com toda a vida neste planeta.

Assim como no Irã, Iraque, Chile, Líbano, Colômbia e muito recentemente no Cazaquistão, a única alternativa para o proletariado na Rússia e na Ucrânia é intensificar o confronto com o Estado e atacar diretamente suas instituições e expropriar os bens e meios de produção. Não nos limitemos a protestar nas ruas, mas difundamos e generalizemos as greves e desenvolvamos a luta de classes na frente produtiva! Vamos transformar a luta dos parentes dos soldados, que no passado mostraram repetidamente uma forte postura anti-guerra, em uma luta derrotista revolucionária generalizada, sem limitações de qualquer ideologia legalista!

Derrotismo revolucionário significa organizar todas as ações com o objetivo de minar o moral das tropas, assim como impedir o envio de proletários para o massacre…

Derrotismo revolucionário significa organizar a maior deserção e cessar o fogo entre proletários de uniforme em ambos os lados da linha de frente, deixar fronts distantes e levar guerra, não entre proletários, mas entre classes, ou seja, a guerra de classes, para centros de superpotências de guerra…

Derrotismo revolucionário significa encorajar confraternização, rebeliões, virar as armas contra os organizadores da carnificina da guerra, ou seja, “nossa” burguesia e seus lacaios…

Derrotismo revolucionário significa a ação mais determinada e ofensiva com vistas a transformar a guerra imperialista em guerra revolucionária para a abolição desta sociedade de classes baseada na fome e na guerra, guerra revolucionária para o comunismo…

Vocês, “soldados russos” e “soldados ucranianos”, proletários nos exércitos da burguesia russa e ucraniana, não têm outra alternativa (se querem viver em vez de continuar sobrevivendo, ou batendo as botas nos próximos campos de horror!) além de recusar-se a servir mais uma vez como capangas globais de seus interesses! Assim como muitos de seus antecessores na guerra da Chechênia, vamos desobedecer e não mais lutar! Assim como os soldados do “Exército Vermelho” no Afeganistão ou os soldados americanos no Vietnã, você pode balear seus próprios oficiais! Assim como os proletários com ou sem uniforme na Primeira Guerra Mundial, vamos amotinar e levantar-nos juntos e transformar a guerra capitalista global em guerra civil pela revolução comunista!

É claro que não queremos nos limitar nos dirigindo apenas aos proletários de uniforme russo ou ucraniano, mas também aos nossos irmãos e irmãs de classe que lutam em todo o mundo e os exortamos a seguirem e desenvolverem exemplos de derrotismo já existentes, por exemplo soldados no Irã que expressaram sua recusa em serem usados na repressão contra nossos movimentos de classe em 2018, policiais e milicianos no Iraque que fizeram o mesmo alguns meses depois durante os tumultos que envolveram metade do país de Basra a Bagdá, assim como a polícia e os militares no Cazaquistão, no início deste ano, que se recusaram a suprimir a revolta proletária, forçando a gendarmerie russa a intervir para restaurar a ordem capitalista…

Proletários com e sem uniforme, vamos nos organizar juntos contra o sistema capitalista de exploração do trabalho humano que está na raiz de toda a miséria, toda a opressão do Estado e todas as guerras!

Proletários, nunca esqueçam que foram nossos irmãos e irmãs de classe na época que pararam a 1ª Guerra Mundial enquanto desertaram massivamente, amotinando-se coletivamente e fazendo a revolução social!!!

Abaixo os exploradores! De Moscou a Teerã, de Washington a Kiev, ao mundo inteiro!

Contra o nacionalismo, o sectarismo e o militarismo, opomos a solidariedade proletária internacional e internacionalista!

Vamos transformar esta guerra em guerra de classes para a revolução comunista global!

Guerra de Classes – 24 de fevereiro, 2022

LEIA TAMBÉM:

War preparations between Ukraine and Russia – Show or reality?
(en) https://www.autistici.org/tridnivalka/war-preparations-between-ukraine-and-russia-show-or-reality/

Neither Ukrainian nor Russian! – Let’s develop our own camp, the third camp, that of social revolution!
(en) https://www.autistici.org/tridnivalka/neither-ukrainian-nor-russian/

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