A Colômbia arde!

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  • Pelo que luta o proletariado na Colômbia (Barbaria)
  • Solidariedade com a revolta na Colômbia: Abaixo o genocídio estatal (Vamos hacia la vida)
  • Correspondência desde Colômbia (Biblioteca Alberto Ghiraldo)
  • Colômbia arde contra o governo fascista de Iván Duque (Valladolor Internacionalista)

Pelo que luta o proletariado na Colômbia

Nas últimas semanas, a classe trabalhadora colombiana enfrentou com firmeza os novos ataques da burguesia, cristalizados dessa última vez em uma reforma fiscal do governo que busca incrementar a extração de mais-valia por novos caminhos. O proletariado colombiano vem sofrendo agressões contínuas por parte da burguesia, que se expressam em uma deterioração progressiva das condições de vida, fortes desigualdades sociais e o emprego contundente da violência (militar e paramilitar) contra a mobilização operária e campesina. Os acordos de paz com a guerrilha representaram simplesmente um mecanismo de integração de seus aparatos políticos contrarrevolucionários nas instituições democráticas do capital, tendo-se estendido por todo o país os ajustes de contas contra os líderes dos protestos populares, enquanto que a burguesia latifundiária relança sua ofensiva contra o proletariado rural. As circunstâncias geradas pela nova pandemia do capital, o covid-19, agravaram ainda mais a situação em questão de desemprego, miséria e maiores impostos. Em realidade, essa reforma fiscal foi a gota que encheu o vaso para que se produzisse um estouro social de enormes proporções.

Porém, nos equivocaríamos se tentássemos compreender este estouro social em termos exclusivamente nacionais. Pelo contrário. A resposta da classe trabalhadora colombiana aos planos de fome e miséria de sua burguesia é parte da recomposição do proletariado mundial (e latino-americano), em sua luta para sobreviver a um capitalismo que esgotou suas possibilidades de desenvolvimento orgânico. A radicalidade das formas de luta nas ruas das principais cidades colombianas é uma resposta desde baixo a um capital que é incapaz de articular o valor como relação social, que avança sob expressões cada vez mais fictícias, extraindo mais-valia através de todos os tipos de mecanismos imagináveis e através do uso da força e da violência de maneira crescente.

No nível mundial, estamos observando como o proletariado vem enfrentando-se com o capital desde os começos da crise de 2008. Em princípio, como ocorreu com as revoluções árabes de 2011 e o 15-M na Espanha, com muitas ilusões democráticas e cidadanistas, de regeneração do sistema. Nessas mobilizações sociais, a classe média e suas guerras culturais pós-modernas desempenhavam um papel hegemônico. Porém, com o passar do tempo, a classe trabalhadora radicalizou suas lutas, enfrentando mais diretamente as condições materiais que impõe os planos de exploração do capital. Em 2019, os estouros sociais no Chile, que teve como gatilho a subida dos preços do transporte urbano, e no Equador, que também foi desencadeado por um agressivo ajuste fiscal, representaram uma mudança de cenário na luta de classes no subcontinente latino-americano. Abriram uma fase de maior radicalização nas lutas operárias, produzindo-se um enfrentamento mais direto com o capital e seus governos. O que está acontecendo na Colômbia nas últimas semanas não pode ser entendido sem fazer alusão a esse marco mais global de maior radicalização social.

Como aconteceu anteriormente no Chile e no Equador, o proletariado colombiano mostrou-se de enorme valentia e radicalidade nas ruas, enfrentando inclusive grupos paramilitares que dispararam fogo real, sem contemplações, nos manifestantes. Em Cali, epicentro dos protestos, as comunas (os bairros) da periferia da cidade organizaram-se coletivamente não somente para enfrentar a violência dos corpos repressivos. Além disso, têm tido de organizar o fornecimento de viveres, a proteção frente aos agentes infiltrados, o transporte coletivo, o cuidado dos feridos, etc., já que o governo tentou fazê-los renderem-se por fome e cancelamento dos serviços básicos. A resposta dessas comunas, como Puerto Resistencia, é uma amostra da capacidade de nossa classe para construir relações sociais à margem das impostas pelo capital e seus Estados, onde ao mesmo tempo em que se reorganizam as condições materiais de vida, produz-se uma revolução nos valores e nas relações humanas. O mundo deixa de estar invertido, como acontece no capitalismo, e as necessidades sociais passam a ser prioritárias com respeito a qualquer outro critério (como a acumulação de capital sem limites) nas decisões que as comunas tomam nos usos dos recursos disponíveis e nos esforços que dedicam a alcança-los. Tudo gira, deixa de estar ao contrário. Assim, por exemplo, uma ativista das lutas ambientais, que até então precisava de escolta diante das múltiplas ameaças e assassinatos cometidos pelos paramilitares, agora caminha livre, sem medo, entre seus vizinhos. A mobilização proletária lhe devolveu sua segurança, freou a violência do capital naqueles espaços onde nossa classe impôs sua lógica de vida (frente à lógica de morte do capital).

São vislumbres de uma sociedade nova, são lampejos de comunismo, são os murmúrios, os começos, da constituição revolucionária de uma classe que resiste sucumbir junto com um capitalismo moribundo. O comunismo não surgirá da cabeça de nenhum gênio, nem das diretrizes exógenas de nenhuma vanguarda esclarecida. É um movimento histórico que emana das entranhas da sociedade, que surge no estrondo das lutas do proletariado para garantir suas condições de existência, quando o capital, na sua tentativa desesperada de continuar incrementando seus benefícios, não deixa outra opção à nossa classe que se organizar socialmente de uma maneira alternativa, de modo a garantir suas condições de vida. Certamente, ainda é insuficiente o que estamos vendo nas comunas de Cali ou de Medellín, ou nos bairros de Santigado no Chile, essas novas relações sociais somente podem impor-se à lógica do capital no nível mundial. Porém, sem dúvida, mostram o caminho a seguir, são experiências onde nossa classe vai aprendendo a combater o capitalismo em um plano real, material, não se conformando com as ilusões culturais, democráticas, que lhe são sussurradas pela esquerda pós-moderna.

Porém, como dissemos, estamos no começo de um processo que é extremamente complexo, carregado de perigos. A própria esquerda colombiana, tanto no nível político como sindical, está tentando desviar as lutas para o terreno eleitoral e ao da negociação com o governo, prendendo o proletariado no labirinto tecnocrático das reformas cosméticas de um capital que somente pode oferecer a catástrofe e uma exploração maior. As falsas esperanças da socialdemocracia, expressadas na Colômbia na candidatura presidencial de Gustavo Petro, ou na prefeita de Bogotá Claudia López, representam o maior perigo para nossa classe na sua luta por uma vida melhor. A socialdemocracia, na sua tentativa de gerir a crise do capital, em sua tosca tentativa de construir um capitalismo amável ou inclusivo termina irremediavelmente convertendo-se em mais uma marionete a mais da lógica do valor. Se o capital encontra-se em perigo pela mobilização proletária, sem nenhuma dúvida esses personagens da socialdemocracia colombiana não terão nenhum remorso em atuar com a violência e a mesma contundência com as quais hoje atua o presidente Iván Duque. Na Colômbia, como no resto do mundo, o proletariado revolucionário buscará sua via independente, como Karl Marx avisou no Manifesto Comunista de 1848. O proletariado é a única classe social que dispõe das condições materiais para construir uma sociedade por fora da lógica do valor. É necessário combater com todas as energias a socialdemocracia, as ilusões democráticas que prometem uma gestão benévola do capital, as correntes oportunistas que pretendem colocar nossa classe no dilema de eleger (com especial empenho no terreno eleitoral) entre as formas mais progressistas e mais reacionárias do capital. É uma eleição falsa. Do capital em suas diferentes formas somente podemos esperar miséria e desolação. Os trabalhadores e as trabalhadoras das comunas colombianas indicam-nos um caminho alternativo, real: o da autodeterminação proletária através da luta de classes.

Fonte em espanhol: http://barbaria.net/2021/05/30/por-que-lucha-el-proletariado-en-colombia/

Tradução em português: Güi

Solidariedade com a revolta na Colômbia: Abaixo o genocídio estatal

Proletários do mundo, uni-vos!

Colômbia é, já faz quatro dias, cenário de uma revolta proletária com características similares à que balançou a região chilena durante as jornadas de outubro-novembro de 2019. A continuação do ciclo de luta aberto pelas revoltas no Equador e no Chile é um sintoma de que o capital, em sua reestruturação pós-pandemia, está em uma crise de magnitudes históricas.

O que fez as multidões saírem às ruas foi uma reforma tributária (imposto de renda e IVA), que o proletariado colombiano compreendeu, em uma lúcida crítica prática, como um modo de dirigir o custo da catástrofe para a população.

A crise do capital, que a pandemia somente acelerou, é um processo que se manifesta de diversas formas, sendo as reformas tributarias uma delas, que se soma à destruição acelerada e estendida da natureza e à expulsão de grandes massas de assalariados para fora do processo produtivo – com a criação de população descartável para o capital – e suas sequelas encarnadas em ondas migratórias e um crescente crime organizado alimentado pela miséria, entre outras manifestações que se farão cada vez mais cotidianas. Nesse sentido, é prioritário compreender que qualquer tentativa de reforma é somente um mecanismo para eternizar este verdadeiro zumbi que é o capital, perpetuando a relação social fetichista, sobrepondo a produção do valor às necessidades humanas, em síntese, destruindo no altar do capital tudo em seu caminho.

A resposta do Estado colombiano – como também foi a do Estado chileno, e a de todos os Estados do mundo – não pôde ser outra além da repressão sangrenta contra noss@s companheir@s; no momento em que são escritas essas palavras de solidariedade já são mais de 20 mort@s, muit@s companheir@s pres@s e ferid@s, além de imigrantes expuls@s por participar ativamente dos protestos.

Cali, uma das maiores cidades da Colômbia, foi militarizada em 30 de abril. Foram destacados 3.000 policiais: um verdadeiro déjà-vu de 19 de outubro em Santiago, no Chile. O problema não é somente Iván Duque, é o sistema produtor de mercadorias, que se mostrou como é, evidenciando que o verdadeiro rosto da democracia não é mais que a forma que o capital assume para impor sua dominação, criminalizando e deixando sentir toda sua brutalidade sobre quem luta pela liberação desta forma nefasta de relação social.

A necessidade de articular a luta a nível internacional, de vislumbra-la contra todas as separações que nos impuseram como humanidade com a irracionalidade genocida, é de extrema premência: urge gerar laços de apoio e continuar a luta nos territórios para superar esse mundo. O movimento do capital somente continuará produzindo miséria e, diante disso, a luta de classes explode, e continuará explodindo, em diferentes tempos e espaços como produto desse movimento: somente o proletariado é capaz de frear absurdo em que se converteu esse mundo.

Somente a revolução comunista internacional nos fará livres!

Fonte em espanhol: https://hacialavida.noblogs.org/solidaridad-con-la-revuelta-en-colombia-abajo-el-genocidio-estatal/

Tradução em português: Güi

Correspondência desde Colômbia

Texto anônimo. Recebido e publicado por Biblioteca Alberto Ghiraldo, em Rosário, Argentina, na primeira semana de maio de 2021.

As ondas de protestos atuais iniciam-se em 28 de abril, onde se iniciou a greve por conta de uma reforma tributária com a intenção de tapar o buraco fiscal do Estado e evitar que a dívida externa do país tenha mais pontos nos qualificadores de risco, o que subiria a inflação. Do que não se fala é que a dívida do país pertence aos grupos empresariais, banqueiros, empresas de infraestrutura, o que se limita aos ricos do país, que são quem não pagam impostos.

Essa reforma buscava gravar com o IVA de 19% um produto de uso básico e serviços básicos em um país onde 43% da população sobrevive com menos de um salário mínimo e come entre uma a duas vezes ao dia; onde o governo gastou 9.600 milhões de pesos em 23 caminhões para seu plano de segurança, 12.000 milhões de pesos em 18 tanques para as forças repressivas, 14 bilhões de pesos em 24 aviões de guerra F16; onde o programa periódico que o presidente emite todos os dias para lavar sua imagem custa 3.200 milhões de pesos. Tudo isso sem contar os roubos por custo excedente na compra de mercados por parte de prefeituras e governanças em muitas partes do país para assistência à famílias em crise; sem contar com o pagamento de auxílios de pandemia a pessoas inexistentes e mortxs; com o dinheiro destinado à saúde que permanece nos cofres das empresas privadas, em um país onde 50 bilhões de pesos são perdidos anualmente na corrupção. Isto o faz o segundo país mais desigual da região depois do Haiti.

Por isso é iniciado o protesto atualmente e se sai às ruas massivamente. Não é somente a reforma tributária; é a reforma do sistema de saúde, que fortalece o sistema privado de saúde; a terceirização dos trabalhadores da saúde; a crise no sistema de pensão; o assassinato de defensores e ativistas de direitos campesinos, indígenas, afros, ambientalistas, despejados, mulheres (630) e ex-combatentes que assinaram o acordo de paz (272); o assassinato de 14 menores, em 4 de março, vítimas de recrutamento forçado por parte do bloque 1 (não desmobilizado) das extintas FARC, pelo bombardeio do exército encoberto pelo governo; o assassinato de 7 menores também em um bombardeio do exército em Caquetá no dia 2 de setembro do ano passado; o denominado “Massacre de Bogotá”; a noite de protestos de 9 de Setembro em Bogotá com o assassinato de 12 jovens após o assassinato de José Ordoñez pela polícia; o massacre da prisão La Modelo, onde foram assassinados 24 presos pelas mãos da guarda penal e do exército e onde houveram 80 feridos entre o dia 21 e 22 de marços de 2020 (protestos iniciados pela falta de garantias de atenção médica devido à pandemia, o que gerou uma crise em todas as prisões do país); o deslocamento forçado de 27.431 pessoas no que já foi de 2021 por conta de atores armados legalmente e ilegalmente e associados ao narcotráfico; o reinício da pulverização de glifosato nas zonas rurais do país; o descumprimento dos acordos de paz com a guerrilha das FARC e um grande etc. Todo isso é o que agrava o protesto, consequência da medida inoperante do governo que mantém os interesses de uma classe política que se valeu do paramilitarismo e do narcotráfico para posicionar-se no poder desde a chegada de Uribe Velez em 2001 e seus candidatos presidentes. Isso representa o partido do governo de ultra-direita: uma máfia narco-paramilitar, funcional aos interesses do capitalismo, dos latifundiários e banqueiros, que têm sido beneficiados nos últimos 70 anos de guerra interna.

O acordo de guerra ao protesto obedece ao medo que exerce o povo aos que controlam os privilégios, o crescimento da pobreza e da urbanização da população, resultado do empobrecimento gerado pelos interesses dos ricos, e evidencia o postulado principal do escrito “o exército nas ruas”. O vemos com o trabalho de extermínio coordenado entre os comandos de operações especiais da polícia (GOES), o Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) e os grupos de operações urbanas do exército. O fim é controlar os pobres de maneira sistemática porque os ricos têm medo, e o controle se exerce da única maneira que sabem: construindo terror através do massacre do povo. Já sabemos quem deu a ordem de massacrar a manifestação a partir do Twitter: foi Uribe, ao dizer que se devia apoiar o direito de policiais e soldados de utilizar armas contra o terrorismo e vandalismo.

Imediatamente seu fantoche Duque decretou a “assistência militar” nas cidades. Desde o dia 3 de maio militarizou-se Cali, a cidade mais empobrecida nesta pandemia, e que apresentou enfrentamentos em diferentes setores populares da cidade. O controle da cidade foi tomado pelo general Zapateiro, o aeroporto é gerido por militares e a ação genocida começa desde esse dia principalmente nos bairros Siloe (histórico bairro popular habitado em sua maioria por população afro que foi deslocada desde o Pacífico pela guerra) e o bairro Puerto Resistencia (Puerto Rellena), ao sul de Cali. Cortou-se o fornecimento de energia na noite, bloqueou-se o sinal de internet para que as pessoas não possam mostrar o massacre continuo que está sendo realizado. Ao 4 de maio são 31 assassinadxs por armas de fogo em todo o país, 814 detenções arbitrárias, 10 vítimas de violência sexual, 21 vítimas de agressão aos olhos, 216 vítimas de violência física. Esses são dados que as organizações de Direitos Humanos conseguiram verificar, as quais também foram perseguidas e alvejadas por balas da polícia.

Fonte em espanhol: http://panfletossubversivos.blogspot.com/2021/05/correspondencia-desde-colombia.html

Tradução em português: Güi

Colômbia arde contra o governo fascista de Iván Duque

Na última quarta-feira, 28 de abril, as mobilizações contra a reforma tributaria voltaram às ruas, em formato de paro nacional. Depois da morte de uma pessoa em Calí pelas mãos da polícia, as ruas – em diversas cidades além de Calí, como Medellín e Bogotá – questionaram o monopólio da violência do Estado colombiano através de incêndios dos meios de transporte e saques de bancos, entre outros. A reação das autoridades governamentais materializou-se na implantação de forças policiais e militares sob o toque de recolher. E em uma crescente repressão que não cessou desde então.

O conflito continuou intensificando-se nesses dias até ontem, quando o presidente Iván Duque (mesmo partido, linha de governo e apoio que o ex-presidente Álvaro Uribe, mesmas mãos manchadas de sangue) aprovou a “Assistência militar”, um eufemismo para militarizar as cidades do país. Isso gerou uma repressão ainda mais bárbara para tentar calar o protesto social com a linguagem da pistola, através do sangue e do fogo.

As forças repressoras confirmaram 10 mortes, embora diversos relatórios falem de 35 mortes confirmadas. Todas elas assassinatos pelas mãos da polícia e dos militares. Causas: fogo real e espancamentos até a morte. Ocorrem detenções arbitrárias, desaparições forçosas, defensores de direitos humanos foram sequestrados e torturados. Denunciaram-se casos de violações de mulheres por parte das forças armadas colombianas.

O atual presidente está apelando nas redes sociais para que as forças armadas disparem FOGO REAL contra a população civil. Acusam os e as manifestantes de vândalos e terroristas, esquecendo o crime que o governo comete com seu terrorismo de Estado, contra um movimento que pede pão, teto, dignidade por uma vida que mereça ser vivida.

Por parte das companheiras e companheiros dali, têm se falado de um paro indefinido em todo o território nacional. Os povos indígenas realizarão a minga indígena – união das etnias indígenas para marchar até onde se encontra o governo. As mobilizações seguem fazendo-se serem notadas nas estradas de entrada e saída do país com bloqueios, queima de pedágios, tomada de estradas, enfrentamentos diretos… E chegará à capital, Bogotá, em breve.

Fonte em espanhol: http://valladolorinternacionalista.blogspot.com/2021/05/colombia-arde.html

Tradução em português: Güi

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